Quando paramos para refletir um pouco sobre o entrelaçamento da tecnologia nas nossas vidas, muitas vezes sentimos medo. Sentimos medo justamente por perceber a transformação que ela gerou e ainda gera e, portanto, a consequente insegurança que vem junto. No entanto, acredito que a tecnologia pode nos proporcionar ferramentas que permitam uma revolução, inclusive nas formas como aprendemos.
Temos, hoje, uma disseminação de informações que cria e impõe ao sujeito sentidos já prontos e que, portanto, muitas vezes não necessitam da participação deste no que diz respeito à criação e desenvolvimento de suas próprias atribuições a partir de suas vivências e experiências. Se pensarmos a tecnologia como um dispositivo que pode facilitar e estimular a criatividade nos mais variados níveis e contextos podemos criar, a partir e junto com ela, novos sentidos para a informação, podemos transformar e criar novas formas de subjetividades que apontem para relações mais solidárias e criativas.
Podemos pensar em uma relação com a aprendizagem que seja pautada em uma constante problematização e vontade de aprender a aprender e não simplesmente de absorver conteúdos específicos. Entretanto, da mesma forma, a tecnologia pode se apresentar como um empecilho nesta direção se for encarada como uma ferramenta que simplesmente opera no sentido de ser um meio para um fim, de ser um instrumento que nos auxilia na dominação do mundo ao invés de algo com o qual nos relacionamos para transformar e, de fato, inventar um mundo melhor.
Sendo assim, considero fundamental que possamos problematizar nossa relação com a tecnologia sem cairmos em um idealismo ou ingenuidade absoluta, acreditando que ela traz apenas desenvolvimento, progresso e um melhoramento das nossas capacidades enquanto indivíduos ou mesmo espécie. No entanto, sem nos deixar levar também por um ceticismo intransponível que acredita e aposta no potencial destrutivo e inútil das produções tecnológicas no que se refere à criação de relações mais solidárias e inventivas entre nós. Para fazer isso, acho que deveríamos começar nos fazendo uma pergunta fundamental: que tipo de mundo, de relações, queremos construir?