Programas em áudio são uma forma simples de encontrar quem quer aprender a qualquer hora e em qualquer lugar
por Vinícius de Oliveira
Simples e barato de ser produzido, o podcast (arquivo
de áudio digital) é uma ferramenta pronta para beneficiar a educação.
Quem visita o Porvir já deve ter encontrado matérias
que falam dos diferentes ritmos de aprendizagem e como o contato com
conhecimento se dá cada vez mais longe da escola. É neste ambiente que
os podcasts atuam como facilitadores, por poderem ser reproduzidos nos
computadores, tablets ou celulares, e em qualquer lugar: em casa, a
caminho da escola ou no transporte público.
Em palestra na Campus Party Brasil, evento que aconteceu em São Paulo na semana passada, Kellen Bonassoli, parceira do portal Mundo Podcast,
defendeu a produção de podcasts como recursos educacionais abertos para
tirar o “conhecimento do pedestal”. Para isso, pretende lançar em breve
o projeto baseado em software livre Educasom, que funcionará como
agregador e ponto de referência para escolas e professores interessados.
“É uma plataforma para educadores ou profissionais com interesse em
produzir conteúdo específico para educação possam hospedar seu material e
fazer disso um recurso educacional aberto”, explica. A ideia de Kellem,
que é formada em letras e pós-graduada em psicopedagogia, é conectar
produtores e consumidores em um só lugar e, assim, simplificar a
distribuição dos programas, um dos grandes gargalos enfrentados pelos
autores.
O Educasom, segundo Kellen, também busca apoiar e dar fôlego aos
projetos. “A graça do podcast está no nicho e em entender a pessoa com
quem está falando. Existem mais de 800 podcasts no Brasil, mas são todos
muito iguais. As pessoas viram uma forma que fez sucesso com o Jovem
Nerd [que fala de cultura pop e alcança 100 mil downloads por episódio] e
resolveram copiar e não conseguem levar adiante”, explica.
Para aqueles que desejam começar e ainda não sabem bem qual
estratégia adotar, Kellen explica que o público do podcast é formado por
nichos e está atrás de conhecimento especializado, ao contrário de
meios como a TV, que parte para uma abordagem mais generalista. Ao mesmo
tempo, não é tão amarrado quanto o rádio. “Para bater um papo com as
pessoas, a referência deve ser a linguagem do Facebook, do Twitter e dos
blogs. É preciso imaginar uma conversa ao telefone em que são usadas
referências que fazem parte do dia a dia de quem vai te ouvir. Isso é o
que faz a diferença”, disse.
Os gêneros a serem seguidos também são bastante amplos e partem da
(aparentemente) simples audiodescrição, que ajuda estudantes cegos com a
contextualização de vídeos. Além desse, a gravação de aulas também é
uma alternativa que, para ser bem executada, demanda um trabalho de
sistematização por parte do professor. “O único cuidado necessário é com
as indicações. No lugar de dizer ‘aqui você está’ vendo isso’ deve-se
usar ‘aqui você está vendo um cálculo’”, explica. Outros modelos abrem
espaço para textos literários e dramáticos, onde locução, efeitos e som
de fundo se encontram para dar vida à narrativa.
Scicast, o podcast de ciência com diversão
Criado por ex-redatores do site de tecnologia Meio Bit, o SciCast
é um podcast que trata de temas e curiosidades científicas, fazendo uma
intersecção entre educação e entretenimento. Silmar Geremia, um dos
fundadores do site que hoje reúne estudantes, engenheiros e biólogos de
várias partes do país, explica que podcasts superam uma dificuldade
técnica imposta pelo vídeo.
“Se você faz um canal do YouTube com qualquer material, vai ficar
sempre parecendo uma coisa amadora e queríamos nos posicionar melhor. Em
áudio, isso já é possível com baixo investimento”, diz. O restante,
explica, é dedicação e tempo para preparar pautas e seguir uma linha
coerente com começo meio e fim para cada episódio.
Como gravar
Para começar a gravar seus programas, o investimento mínimo é muito
baixo: basta um telefone celular, um gravador de voz ou um simples
microfone ligado ao computador.
Como editar
Para edição de áudio, um dos programas mais usados é o Audacity,
software livre, disponível em português, que além de não cobrar nada
pelo download, também reúne uma comunidade de usuários ao redor do mundo
e traz plug-ins que facilitam a acessibilidade para cegos. Com ele, é
possível “casar” a locução com efeitos e música de fundo.
Como hospedar
Para hospedar o arquivo de áudio, é possível usar um site nas
plataformas WordPress ou Tumblr. Sua audiência pode receber sua produção
por meio de um feed, recurso que alerta sempre que um novo episódio é
publicado.
Como ouvir
Ouvir é igualmente simples, basta um computador, um tablet ou um tocador de MP3 de sua preferência.
Referências
- Curso de Podcast com Leo Lopes www.youtube.com/user/cursodepodcast
- Mundo Podcast www.mundopodcast.com.br
- Alotenica www.radiofobia.com.br/category/podcast/alotenica
- Grupos no Facebook www.facebook.com/groups/podcastbr
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