Com foco na cultura maker e na aprendizagem criativa, a Escola de Inventor promove atividades extracurriculares para trabalhar ciências e desenvolver competências
por Marina Lopes
Em cursos que recebem o nome de grandes cientistas, como Galileu
Galilei, Arquimedes e Isaac Asimov, crianças e jovens aprendem
matemática, ciências, robótica, programação e pensamento computacional. Tudo isso enquanto solucionam desafios e colocam a mão na massa. Essa é a proposta da Escola de Inventor, uma startup educacional de Ribeirão Preto (SP) que usa métodos ativos de aprendizagem para estimular o desenvolvimento de competências e habilidades do século 21.
Com a oferta de atividades no contraturno, a escola está baseada em
pilares da cultura maker e da aprendizagem criativa. Por meio de
diferentes estratégias, os alunos se envolvem na condução de projetos e
são incentivados a trabalhar em equipe para executar tarefas. Para dar
conta desses desafios, eles usam os métodos do design thinking,
que combina pesquisa, empatia, geração de ideias e prototipações para
se chegar à inovação, e do scrum, que entra no momento posterior à
formatação da ideia para ajudar os alunos a dividirem pequenas partes de
um projeto, elencando prioridades e o tempo de execução de cada etapa.
A escola funciona no interior paulista desde julho de 2015 e surgiu a
partir de uma necessidade identificada pelos idealizadores. “Percebemos
que a educação tinha um déficit na parte de trabalho em equipe e
resolução problemas voltados para o século 21″, conta Fábio Javaroni,
coordenador da Escola de Inventor.
O que no início eram apenas aulas de programação e robótica,
segundo ele, evoluíram para a experimentação de assuntos de ciências e
matemática de forma prática. “Pegamos um pequeno grupo de alunos e
começamos a dar aulas, mas chegou um momento em que percebemos que eles
mais copiavam do que absorviam os conteúdos”, recorda, ao mencionar que a
adoção de metodologias ativas garante maior envolvimento dos estudantes
e também ajuda a desenvolver habilidades de comunicação, trabalho em
equipe e criatividade.
Em diferentes cursos oferecidos pela escola, que envolvem aulas
semanais de 2 horas, tudo começa com um questionamento. “Instigamos a
curiosidade das crianças e jogamos uma pergunta para elas”, explica o
coordenador. Para solucionar o desafio proposto, as crianças precisam
colocar a mão na massa, experimentar e aprender a lidar com o erro.
“Damos um objetivo, e as crianças precisam cumprir da melhor maneira
possível”, diz Thiago Pantaleão, professor dos métodos de design
thinking e scrum da Escola de Inventor. Ele ainda conta que os alunos
são livres para pensarem nos caminhos de resolução de cada problema.
“Fizemos com eles um foguete de papel, e um menino teve a ideia de
colocar um paraquedas na ponta do foguete para ver o que acontecia
quando ele era lançado. Em um desafio com carrinhos de LEGO, eles também
fizeram construções em formatos absurdos que davam certo”, exemplifica.
Com a missão de construir um avião que pudesse planar por algum tempo
no ar, a aluna Ana Maria Tonetto Figueiredo, 12, precisou fazer vários
testes e teve que aprender a calcular do centro de gravidade do objeto.
“A gente não fez aqueles aviões de papel que você joga e depois cai. Foi
bem legal colocar a mão na massa“, conta.
As aulas e projetos no contraturno, segundo ela, também já foram
úteis para desenvolver trabalhos da sua escola regular. “Teve coisas que
ficaram mais fáceis, como por exemplo alguns projetos de ciências que a
gente faz. Eu fui muito melhor”, avalia a menina, que está no sétimo
ano do ensino fundamental. “Eu também já usei o [método] do scrum para
fazer a maquete de uma estação de tratamento de água na escola.”
Ana participa dos cursos da escola de inventores desde que tinha 10 anos. “Colocar a mão na massa
foi o que nos motivou a procurar a escola. Ela também sempre teve muito
interesse pela ciência, esse foi outro motivo”, diz o pai da aluna, o
professor Luis Gustavo Figueiredo, 43.
Já o engenheiro Paulo Cassim, 45, diz que procurou a escola para o
filho por gostar muito da área de exatas e tecnologia. “Como o André
também gosta muito disso, optamos por dar essa oportunidade para ele”,
conta o pai.
Entre as aulas de inglês e italiano, na agenda de atividades
extracurriculares do menino também estão os projetos da Escola de
Inventor. “Eles conseguem explicar as coisas de um jeito bem simples e
tentam dar muitos exemplos”, opina André Cassin, 13. No oitavo ano do
ensino fundamental, ele conta que está vendo plano cartesiano na sua
escola, mas já tinha aprendido esse conteúdo nas atividades do
contraturno. “A gente viu plano cartesiano para montar programas de
computador. Eu não tive dificuldade quando a professora começou a
explicar na escola, mas percebi que alguns alunos não entenderam.”
Com a experiência adquirida nos cursos extracurriculares, o
coordenador Fábio Javaroni diz que, nos próximos anos, a ideia é
transformar a Escola de Inventor em uma instituição regular de ensino
fundamental. “Queremos fazer uma escola em que os alunos tenham total
protagonismo, abrangendo os conteúdos da BNCC (Base Nacional Comum Curricular)“, conclui.
Fonte: http://porvir.org/escola-no-contraturno-usa-metodologias-ativas-para-formar-pequenos-inventores/