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Passar filmes na classe para apresentar conteúdos em formato dinâmico
ou mostrar histórias que criem empatia já é uma prática popular para
fugir do formato tradicional de aula, em que o professor ou a professora
fala e estudantes ouvem. Mesmo assim, ainda é uma atividade que mantém
quem aprende no papel passivo de receptor de informação e conhecimento.
Por isso, educadores que buscam desenvolver o potencial inventivo de
seus alunos estão dando um passo a mais e incentivando que eles criem
seus próprios vídeos.
A educomunicação ou produção de mídia,
abordagens que fortalecem a comunicação em espaços educativos e colocam
alunos no papel de criadores de peças de mídia, não são nenhuma novidade
no campo da Educação. Mas, a popularização de recursos tecnológicos
como aparelhos celulares, máquinas fotográficas e editores de imagens
simplifica a sua aplicação. Além disso, os próprios alunos já estão
familiarizados com algum tipo de experimentação audiovisual. Quem nunca
gravou um pequeno vídeo com o aparelho celular? Nesse contexto,
transformar tal prática, tão natural entre crianças e adolescentes, em
uma atividade de sala de aula é uma oportunidade de proporcionar uma
experiência na qual alunos se divertem e, ao mesmo tempo, constroem seu
aprendizado.
Para que isso aconteça, não basta liberar o uso do
celular para que eles façam videoselfies. Cabe aos educadores orientar
produções com objetivos de aprendizagem claros, que podem envolver
conhecimentos interdisciplinares e outras competências, como trabalho em
equipe, resolução de problemas e criatividade. Além disso, é preciso
estabelecer desafios e temas aos estudantes, propor etapas de trabalho
(pesquisa, elaboração de roteiro, pré-produção, gravação e edição),
combinar processos, dividir tarefas e cobrar prazos para que os projetos
se concretizem. Ao final do processo, avaliar as produções e todo o
trabalho desenvolvido ainda traz novos aprendizados para todos.
Para
inspirar professores a darem espaço para a criação de vídeos em suas
aulas, conto abaixo três casos que já apareceram no portal Porvir de
escolas que realizaram projetos de produção audiovisual:
Produção de vídeo para trabalhar gentileza
Para trabalhar gentileza, a professora Cristina Gottardi Van Opstal Nascimento, do 5º ano do Ensino Fundamental em uma escola em Santos (SP), instaurou um processo colaborativo para os alunos produzirem vídeos sobre atos gentis na escola. Antes de pedir que eles gravassem, ela exibiu filmes para que as crianças ampliassem seu repertório sobre o tema e sobre gêneros audiovisuais. Depois, pediu para eles pensarem em atos gentis que poderiam acontecer dentro do ambiente da escola e desenharem essas cenas, que foram a base para o roteiro de suas produções. Por escolha dos alunos, que então foram divididos em grupos, eles mesmos foram atores dos filmes e deram vida aos seus desenhos. A professora apenas mediou a decisão de quem seriam os atores e de quem iria filmar. Por último, a edição também foi feita em grupo, com sua orientação. Segundo ela, durante todo o projeto, os alunos ficaram muito focados no que deveriam fazer e começaram a pensar sobre o impacto de suas atitudes em relação a colegas, professores e funcionários.
Produção colaborativa entre duas escolas
O projeto “Educom.geração.cidadã.2016" promoveu encontros de estudantes do Ensino Fundamental 2 do CEU Casa Blanca (público) e do Colégio Dante Alighieri (privado), em São Paulo. Ao final de um semestre, eles produziram um vídeo para convidar outras escolas a derrubar barreiras e a conhecer realidades diferentes, como eles fizeram. Nas reuniões prévias, os alunos tiveram a chance de se apresentar aos colegas do outro colégio, mostrar trabalhos que já tinham produzido, assistir a filmes como o da Organização das Nações Unidas (ONU) “Nós, os Povos” e discutir temas como política, desigualdade social, saneamento básico e Educação. A partir desse trabalho, elaboraram em conjunto o roteiro e dividiram as tarefas de gravação, cada escola ficando responsável por parte da captação das imagens. Somente o trabalho de edição foi realizado por professores e pesquisadores. Quando ficou pronto, o vídeo foi apresentado em um evento em um dos colégios, no qual os alunos realizaram uma autoavaliação e uma avaliação do grupo de acordo com critérios definidos no início do trabalho. Segundo professores envolvidos no projeto, os alunos aprenderam habilidades de comunicação, como participar de reuniões para conversar, discutir questões, saber escutar, intervir, tirar conclusões e fazer encaminhamentos. Eles também desenvolveram habilidades de pesquisa na internet, já que precisavam buscar informações para escrever o roteiro e se preparar para entrevistas. Além disso, o contato de estudantes de escolas com realidades diferentes os ajudou a desenvolver empatia.
Pesquisa e produção em grupo no Ensino Médio
Na disciplina de Tecnologias Aplicadas aos Negócios de um curso técnico concomitante ao médio, em Belo Horizonte, o professor José de Pádua Ribeiro desafia, há cinco anos, os alunos do 2º ano a investigar as novas tecnologias existentes no mercado, estabelecer uma relação entre tecnologia e empreendedorismo e criar um vídeo informativo em português, inglês e espanhol. Cada turma é dividida em quatro grupos com uma média de seis alunos por grupo. Os alunos devem escolher uma tecnologia inovadora, criar o tema e produzir um roteiro que aborde questões tecnológicas e empreendedoras, organizar a produção (onde serão as locações, que equipamentos serão usados, quem será entrevistado etc), captar as imagens e editar o vídeo. O roteiro é avaliado nas disciplinas de Língua Portuguesa, Inglesa e Espanhola pelos respectivos professores e os vídeos, que devem ter duração entre 5 e 6 minutos, são apresentados no auditório aos alunos do 2º ano e avaliados por uma banca que observa postura e comprometimento do grupo durante a exibição dos vídeos, abordagem da relação entre tecnologia e empreendedorismo, apresentação visual do vídeo e desenvoltura na locução e apresentação pessoal no vídeo. Segundo o professor que aplica esse projeto, a atividade desenvolve no jovem um maior envolvimento e engajamento no contexto tecnológico, conhecimentos técnicos da área da gestão e de recursos midiáticos.
Materiais básicos para gravar vídeos:
- Câmera ou celular
- Microfone (se não tiver, escolha lugares bem silenciosos para fazer a gravação)
Outros materiais desejáveis:
- Tripé
- Lâmpadas e refletores
Programas gratuitos para edição:
- Windows Live Movie Maker
- Video Toolbox
- VirtualDub
- Stupeflix
- VideoSpin
- Lightworks
Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/4927/blog-de-tecnologia-video-em-aula-engajamento-e-maior-quando-alunos-produzem-os-seus