Atualização da rede de internet e aquisição 
de computadores vai exigir plano que leva em conta visão sobre a 
importância da tecnologia, formação de equipes, recursos digitais e da 
infraestrutura 
por Vinícius de Oliveira
 
Sai a política do pacote fechado e único para todas as escolas e 
ganha espaço um modelo mais flexível e adaptado às necessidades dos 
alunos. Se de um lado tenta atender a uma antiga demanda, por outro 
cobra esforço e maior de colaboração da gestão pública. É isso o que 
está previsto no desenho do plano Educação Conectada anunciado pelo 
governo federal no final de 2017 e que começa a ter os primeiros 
desdobramentos. Para entender como diferentes setores dos governos estão
 se movimentando para avançar em relação ao PBLE (Plano Banda Larga nas 
Escolas), que em 2018 completa 10 anos de vida, o Porvir
 conversou com representantes do MEC (Ministério da Educação), do FNDE 
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e do CIEB (Centro de 
Inovação para a Educação Brasileira), organização que foi parceira 
técnica na elaboração do plano.
De acordo com a nova política de tecnologia, as ações dos diversos 
níveis da administração pública precisam levar em conta quatro 
dimensões, aliás, as mesmas que constam na seção infraestrutura do guia 
Tecnologia na Educação publicado pelo Porvir em 2016, também com apoio 
do CIEB. São elas: visão, formação, recursos educacionais digitais e infraestrutura (clique para acessar o guia).
 Com elas em mente, gestores estaduais, municipais e escolares devem 
rodar um diagnóstico dentro de suas redes para avaliar o uso da 
tecnologia e criar um plano de inovação. 
Segundo Renilda Peres de Lima, diretora de apoio às redes de educação
 básica do MEC, no relatório devem ser descritas todas as ações que 
serão desenvolvidas para inserir alunos, professores e gestores no 
ambiente de cultura digital. “O plano precisa responder como o gestor, o
 professor ou a escola desejam ampliar o acesso tanto do aluno quanto do
 professor a recursos e práticas inovadoras”, diz.
Em 2016, o CIEB rodou em 14 estados e no Distrito Federal uma versão 
semelhante à ferramenta de diagnóstico que será adotada dentro do 
Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do MEC descobriu
 que infraestrutura é o principal gargalo (somente 3% das escolas contam
 com computadores dentro de todas as salas de aula) e a formação limita o
 uso da tecnologia durante as aulas (69% dos professores utilizam 
tecnologia apenas para preparar as aulas ou fazer apresentações).
Para redes que por iniciativa própria decidiram contratar um serviço 
mais rápido que os 2 Mbps oferecidos pelo PBLE e renovar os computadores
 em uso nas escolas, a diretora do MEC afirma que a intenção não é 
sobrepor, mas sim coordenar ações. “Tivemos um ano de discussão e 
maturação das propostas já existentes nos entes federados (estados e 
municípios) para aproveitar as políticas locais e levar assistência 
técnica e financeira para que a política de tecnologia seja colocada em 
prática com sustentabilidade”, diz Renilda. Essa parceria, segundo ela, é
 importante especialmente para a esfera municipal. “Existem muitos 
municípios com quadro reduzido de funcionários, escolas de difícil 
acesso e poucos recursos técnicos e financeiros, o que resulta em 
dificuldades para desenhar uma política local”, avalia.
Ao longo de 2018, o governo federal prevê investir R$ 255,5 milhões 
na atualização da infraestrutura e da conexão das escolas, o que inclui a
 ampliação da rede terrestre de banda larga, serviços de conectividade, 
infraestrutura de wi-fi, compra de dispositivos e aquisição de um 
satélite que vai levar internet de no mínimo 10 Mbps a escolas da zona 
rural.
Formação de professores e gestores
Como detectado pelo CIEB, a formação é um ponto crítico dentro da 
estrutura de tecnologia escolar e, pela proposta do Educação Conectada, 
serão criadas estruturas de articulação e coordenação dentro das redes 
para planejar e implementar com os gestores e professores as quatro 
dimensões previstas no plano. “O MEC está preparando um curso online em 
parceria com o CIEB para formar os articuladores e coordenadores. O 
sistema foi desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás e já está 
indo para o ar para que os articuladores comecem os trabalhos nas 
próximas semanas”, diz Mairum Andrade, superintendente de inovação do 
CIEB. De acordo com as regras do programa, deve haver pelo menos um 
articulador local por ente federativo.
Segundo o MEC, cursos específicos para professores ainda estão em 
fase de desenvolvimento por universidades públicas. Na formação inicial,
 os currículos para o uso pedagógico da tecnologia terão 
obrigatoriamente que conversar com a BNCC (Base Nacional Comum 
Curricular). Enquanto isso, na formação continuada, a formação online 
deve ter trilhas alinhadas à BNCC e também cursos específicos sobre 
práticas mediadas por tecnologia ou voltadas outros recursos 
educacionais, como robótica.
Novos equipamentos
Desenvolver novas metodologias para diversificar o ensino vai exigir 
um novo esforço para renovar os equipamentos presentes nas escolas. Se 
na década passada a política foi pautada pelo acesso, agora, segundo 
Andrei Elias Amaral, assessor da diretoria de tecnologia do FNDE, a 
intenção é adquirir máquinas mais robustas, que tenham maior expectativa
 de vida, garantia ampliada e permitam o uso de simuladores e tarefas 
que vão além da simples pesquisa na internet – e não apenas em 
laboratórios, pois deve ser estimulado o uso de carrinhos de recarga que
 chegam com tablets e notebooks até a sala de aula.
Outra novidade é a abertura de uma frente para que seja possível 
aproveitar o dispositivo dos alunos (celulares, tablets ou 
computadores), com o devido monitoramento do acesso.
“Com um registro do aluno, usuário e senha, mesmo que o aluno use um 
dispositivo próprio, será possível rastrear o que ele está acessando. 
Antes, o FNDE recebia denúncias (de mau uso) e não havia como atender. 
Hoje, isso é obrigatório por conta do Marco Civil da Internet”, diz 
Amaral.
Para que isso seja possível, o antigo roteador que em muitas escolas 
fica perto da porta de entrada, precisará dar lugar a equipamentos mais 
completos. “É um salto qualitativo que é essencial. Estamos pensando em 
firewall, controle de acesso, filtro de conteúdo, com métricas para ver 
se a internet que chega corresponde a que foi contratada”, explica.
Uma audiência pública com as especificações aprovadas por um comitê 
de tecnologia do FNDE deve ser lançada em março. Por conta do período 
eleitoral e das regras que impedem novas contratações a partir do meio 
do ano, o representante do FNDE preferiu não antecipar a abertura de 
novos editais.
Fonte: http://porvir.org/novo-plano-de-tecnologia-oferece-mais-opcoes-e-exige-colaboracao/