quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Chamadas em vídeo: coloque os alunos em contato com pessoas do mundo inteiro

Por: Larrissa Darc 

 
Que tal levar os alunos para um intercâmbio sem sair da escola? Acredite, é mais simples do que você pensa. Um computador ou um celular com acesso à internet e uma boa dose de imaginação bastam para desenvolver um projeto desse.

Aplicativos e programas como o WhatsApp, o Viber, o Google Hangouts, o FaceTime (disponíveis apenas para aparelhos da Apple) e o Skype permitem fazer chamadas em vídeo e, assim, colocar os estudantes em contato com pessoas de diferentes lugares. Imagina, então, você propor aos alunos que eles pratiquem o inglês com estudantes de uma escola da Austrália? Ou, então, colocar a turma em contato com algumas crianças de uma tribo indígena quando estiverem estudando esse tema?

Foi exatamente isso que a professora Josane Batalha, de uma escola particular do interior de São Paulo, fez ao perceber as potencialidades dessas ferramentas. Certificada pela Microsoft Innovative Educator Expert, Josane teve a ideia de usar o Skype quando pesquisava sobre a questão indígena para as aulas de História e Geografia. “Eu trabalhava com o conteúdo do livro, mas aquilo estava longe da realidade. As crianças não conseguiam ter noção de como são os índios de hoje e ficavam presas ao estereótipo”, explicou a professora. Para fugir disso, ela começou a pesquisar notícias mais atualizadas sobre essas populações para levar para a sala de aula. Acabou encontrando a Organização de Desenvolvimento Cultural e Preservação Ambiental Ama-Brasil, referência no assunto. “Entrei em contato com a equipe da entidade que me falou de uma escola indígena que tinha acabado de receber alguns notebooks. Foi daí que surgiu a ideia de promover essa troca”, completa.

Os alunos do 4º ano da professora Josane puderam compartilhar dúvidas com as turmas do 4º, 5º e 6º ano da Emef Profº Antônio de Sousa Pedroso, conhecida como Escola Borari, localizada em Alter do Chão, distrito a 30 quilômetros de Santarém, no Pará, que contaram aos colegas de São Paulo, sobre as suas tradições, meios de transporte e rotina escolar.

Em outra conversa, foi a vez dos estudantes paulistas dividirem com a garotada paraense informações sobre a crise hídrica. “Nós falamos sobre a importância de cuidar da água por conta da seca que enfrentamos recentemente, algo sobre o qual eles nunca tinham se preocupado por conta da abundância de água que existe na região”. Para a professora, esse projeto fez toda a diferença no aprendizado das crianças sobre o tema e revelou uma grande oportunidade de se trabalhar outros conteúdos.

Ficou com vontade de fazer algo parecido? O Skype tem três possibilidades de uso, todas gratuitas, que podem ser usadas na sua aula:

A ferramenta lançada recentemente permite que os estudantes conversem com qualquer pessoa que fale outro idioma mesmo que não se tenha domínio sobre ele já que o programa realiza traduções simultâneas em sete línguas, incluindo o português, para chamadas de voz e de vídeo e mais de 50 para mensagens de texto. Estão estudando os planetas do sistema solar? Que tal colocar a turma em contato com pesquisadores da NASA? As possibilidades se tornam infinitas.

Nessa modalidade, você marca data e hora para que um especialista participe de uma transmissão ao vivo para a turma. É uma excelente oportunidade de os alunos entrarem em contato com escritores, cientistas, médicos, entre tantos outros profissionais, que podem contribuir para a compreensão de um tema que faça parte do seu planejamento.

Que tal fazer as malas e entrar em um avião sem saber onde vai desembarcar? Essa é a proposta desse jogo. Para participar, basta optar por um dia e horário, avisar sobre a disponibilidade e realizar uma chamada. A ferramenta colocará a turma em contato com outros alunos escolhidos aleatoriamente. O objetivo? Adivinhar de onde são os estudantes, fazendo perguntas e trocando experiências. Ah, lembre-se! Essa opção é mais indicada para turmas afinadas no inglês, afinal, como diferentes países participam da plataforma é mais fácil que todos se comuniquem nessa língua.
Agora é só ligar o computador, procurar o recurso mais adequado para o conteúdo previsto no seu planejamento e ultrapassar as barreiras das paredes da sala de aula.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Já pensou no podcast como recurso educacional?

Programas em áudio são uma forma simples de encontrar quem quer aprender a qualquer hora e em qualquer lugar

por Vinícius de Oliveira

  
Simples e barato de ser produzido, o podcast (arquivo de áudio digital) é uma ferramenta pronta para beneficiar a educação. Quem visita o Porvir já deve ter encontrado matérias que falam dos diferentes ritmos de aprendizagem e como o contato com conhecimento se dá cada vez mais longe da escola. É neste ambiente que os podcasts atuam como facilitadores, por poderem ser reproduzidos nos computadores, tablets ou celulares, e em qualquer lugar: em casa, a caminho da escola ou no transporte público.
Em palestra na Campus Party Brasil, evento que aconteceu em São Paulo na semana passada, Kellen Bonassoli, parceira do portal Mundo Podcast, defendeu a produção de podcasts como recursos educacionais abertos para tirar o “conhecimento do pedestal”. Para isso, pretende lançar em breve o projeto baseado em software livre Educasom, que funcionará como agregador e ponto de referência para escolas e professores interessados. “É uma plataforma para educadores ou profissionais com interesse em produzir conteúdo específico para educação possam hospedar seu material e fazer disso um recurso educacional aberto”, explica. A ideia de Kellem, que é formada em letras e pós-graduada em psicopedagogia, é conectar produtores e consumidores em um só lugar e, assim, simplificar a distribuição dos programas, um dos grandes gargalos enfrentados pelos autores.
O Educasom, segundo Kellen, também busca apoiar e dar fôlego aos projetos. “A graça do podcast está no nicho e em entender a pessoa com quem está falando. Existem mais de 800 podcasts no Brasil, mas são todos muito iguais. As pessoas viram uma forma que fez sucesso com o Jovem Nerd [que fala de cultura pop e alcança 100 mil downloads por episódio] e resolveram copiar e não conseguem levar adiante”, explica.
Para aqueles que desejam começar e ainda não sabem bem qual estratégia adotar, Kellen explica que o público do podcast é formado por nichos e está atrás de conhecimento especializado, ao contrário de meios como a TV, que parte para uma abordagem mais generalista. Ao mesmo tempo, não é tão amarrado quanto o rádio. “Para bater um papo com as pessoas, a referência deve ser a linguagem do Facebook, do Twitter e dos blogs. É preciso imaginar uma conversa ao telefone em que são usadas referências que fazem parte do dia a dia de quem vai te ouvir. Isso é o que faz a diferença”, disse.
Os gêneros a serem seguidos também são bastante amplos e partem da (aparentemente) simples audiodescrição, que ajuda estudantes cegos com a contextualização de vídeos. Além desse, a gravação de aulas também é uma alternativa que, para ser bem executada, demanda um trabalho de sistematização por parte do professor. “O único cuidado necessário é com as indicações. No lugar de dizer ‘aqui você está’ vendo isso’ deve-se usar ‘aqui você está vendo um cálculo’”, explica. Outros modelos abrem espaço para textos literários e dramáticos, onde locução, efeitos e som de fundo se encontram para dar vida à narrativa.

Scicast, o podcast de ciência com diversão

Criado por ex-redatores do site de tecnologia Meio Bit, o SciCast é um podcast que trata de temas e curiosidades científicas, fazendo uma intersecção entre educação e entretenimento. Silmar Geremia, um dos fundadores do site que hoje reúne estudantes, engenheiros e biólogos de várias partes do país, explica que podcasts superam uma dificuldade técnica imposta pelo vídeo.
“Se você faz um canal do YouTube com qualquer material, vai ficar sempre parecendo uma coisa amadora e queríamos nos posicionar melhor. Em áudio, isso já é possível com baixo investimento”, diz. O restante, explica, é dedicação e tempo para preparar pautas e seguir uma linha coerente com começo meio e fim para cada episódio.

Como gravar

Para começar a gravar seus programas, o investimento mínimo é muito baixo: basta um telefone celular, um gravador de voz ou um simples microfone ligado ao computador.

Como editar

Para edição de áudio, um dos programas mais usados é o Audacity, software livre, disponível em português, que além de não cobrar nada pelo download, também reúne uma comunidade de usuários ao redor do mundo e traz plug-ins que facilitam a acessibilidade para cegos. Com ele, é possível “casar” a locução com efeitos e música de fundo.

Como hospedar

Para hospedar o arquivo de áudio, é possível usar um site nas plataformas WordPress ou Tumblr. Sua audiência pode receber sua produção por meio de um feed, recurso que alerta sempre que um novo episódio é publicado.

Como ouvir

Ouvir é igualmente simples, basta um computador, um tablet ou um tocador de MP3 de sua preferência.

Referências

- Curso de Podcast com Leo Lopes
www.youtube.com/user/cursodepodcast

- Mundo Podcast
www.mundopodcast.com.br